Diário de uma (recém-descoberta) procrastinadora
Uma das atividades que proponho para meus clientes que precisam de maior produtividade é fazer um diário de todas suas atividades durante dia. O objetivo é entendermos quais são os ladrões de tempo. Com isso, determinamos que atividades ele pode eliminar, quais delegar e, por fim, como encontrar tempo para focar no que é mais importante.
Ao dedicar meu domingo para escrever minha tese, comecei notar alguns comportamentos sabotadores (como escrever esse texto), o que me motivaram a fazer esse diário eu mesma.
Portanto, minha ideia aqui é compartilhar tudo que foi me tirando do meu foco. Ou seja, o que entre uma escrita de tese e outra, eu fiz.
Primeiramente, vale esclarecer: meu objetivo para o dia é terminar o referencial teórico do minha tese de mestrado. Então bora lá.
6:00 – Acordei, mas achei muito cedo para começar, afinal é domingo. Deixa eu terminar de escutar o podcast do Tim Ferriss que comecei ontem à noite
7:30 – fim do podcast e do cochilo
7:40 – 10 minutos de bike (firme e forte no desafio MQN – melhor que nada)
7:55 – determinada em ter um dia produtivo, testei pela primeira vez um tal de Supercoffee, bebida que promete foco para seus usuários
8:00 – sentei na cadeira. Bora!
8:10 – escrevi micro texto para linkedin motivada pela louça da pia
8:30 – preocupação sobre aniversario da minha filha. Será que faz sentido uma festinha, por menor que seja, durante essa pandemia?
8:40 – lembrei que não tinha escovado o dente ainda
8:50 – 10 flexões de braço. Afinal, se não estou escrevendo, pelo menos deveria fazer algo produtivo
9:00 – mensagem para mãe sobre visitar a vó juntas hoje.
9:01 – Word travou ao salvar esse texto. Medo de perder o arquivo da tese que também – obviamente – estava aberto. Considerei um sinal para voltar para tese.
9:23 – Computador travou por falta de espaço. 10 minutos dedicados e deletar programas.
9:38 – checando whatsapp para ver se mãe respondeu sobre visita à vó
10:00 – terminei meu primeiro litro de água do dia. Nada como ter que focar para dar uma vontade louca de me ficar me hidratando. No dia a dia, eu quase não tomo água por preguiça de ficar indo ao banheiro. Mas hoje…
10:53 – após consultar amigos no whatsapp, decidi pela não festa.
10:54 – Fiquei com fome. Melhor fazer um lanchinho pois barriga vazia é a casa do diabo. Ou seria cabeça vazia? Na dúvida, melhor comer.
11:00 – Encantada com as rodelas de banana que parecem sorrir para mim.
11:07 – volta do trabalho. Pensando que preciso enrolar mais uma hora antes de ser aceitável almoçar.
11:36 – fuçada no Rappi para ver opções de almoço. Decepção que La Guapa está fechado. Dado que minha primeira opção não será possível, preocupada que vou perder tempo refletindo sobre o que comer.
11:52 – ágil como uma ninja, tive um insight sobre a torta de frango do Insalata, e prontamente fiz meu pedido.
11:54 – relendo esse texto, chocada com quantas vezes já me desvirtuei do meu foco.
12:24 – chegou Rappi. Almocei e assisti um episódio de I May Destroy You.
13:28 – Retorno ao computador.
14:49 – Terminei o segundo litro de água e busquei (devidamente consumindo) um pequeno chocolate. Que fique claro que foi pequeno, pois espécime grande não foi encontrada.
15:57 – lembrei que preciso trocar um presente de Natal. Já vai fazer quase um mês desde que o ganhei. Não sei se conseguirei trocá-lo ainda, mas decido dar uma passado correndo na loja para tentar.
17:57 – Retorno ao computador após emendar a troca do presente com a visita à vó mais um lanchinho básico
18:55 – Sinto que terminei uma versão apresentável à minha orientadora. Sei que não será a versão final, mas pelo menos tem uma coerência. Como premio, vou me dar um banho com direito a lavar a cabeça o que, se você também é mãe de uma criança de 2 anos, sabe que se trata de um luxo.
É capaz que eu ainda olhe para meu draft algumas vezes hoje mas, dado que o 90% do que vou entregar está escrito, vou parar o acompanhamento do dia por aqui.
Conclusões que chego sobre minha performance que podem ajudar você na sua organização:
- Chocada com a quantidade de interrupções. Quase 30, sendo que muitas (geralmente associadas a checadinhas em mídias sociais) eu nem anotei. Nunca me considerei uma pessoalmente especialmente procrastinadora mas, olhando esse registro, acho que mudei de ideia –> OU SEJA, MESMO QUE VOCÊ NÃO ACHE QUE SEJA UM PROCRASTINADOR, FAÇA O TESTE. VOCÊ PODE SE SURPREENDER.
- O máximo de tempo que consigo focar em uma tarefa é uma hora. –> NÃO SUPERESTIME SEU TEMPO DE FOCO.
- Ter relativa clareza do que eu precisaria escrever hoje me ajudou a, mesmo com todas as interrupções, atingir meu objetivo. –> METAS CLARAS SOBRE O QUE FAZER NOS (BREVES) MOMENTOS DE FOCO SÃO CRUCIAIS PARA AVANÇAR NO OBJETIVO.
Então é isso. Se você leu o texto inteiro, parabéns, você praticamente já pode se considerar meu amigo, pois conhece bastante da minha vida 🙂 Mas, brincadeiras à parte, acho que a reflexão sobre como usamos nosso tempo é válida. No mínimo, você vai sair dessa experiência sabendo mais sobre você mesmo.
Bora tentar?
Quer falar comigo? Entre em contato através do e-mail paula@paulabraga.com.br.
Deixar um comentário