Até pouco tempo atrás, a possiblidade de trabalhar de casa era um sonho para muitos e um beneficio para poucos. Hoje, conforme já sabemos, isso virou a regra para os felizardos que – durante a pandemia – estão podendo trabalhar de casa.

Isso significa que o sonho dos colaboradores se tornou realidade? Que a vida está um conto de fadas?

Infelizmente, a realidade é outra.

Ainda que o home office esteja proporcionando vários benefícios (como a redução de tempo gasto no trânsito, a economia gerada por fazer as refeições em casa, maior convivência com família), a prática contínua dessa modalidade de trabalho está gerando uma série de desafios. O principal deles? A saudade.

Mas saudades do quê, você pode estar pensando?

A seguir uma listinha do que meus clientes mais reclamam hoje em dia.

Saudades da interação com os colegas (e amigos) do trabalho
Saudades do próprio time, saudades daquele bate-papo no cafezinho, saudades de almoçar com a galera. Por mais que quando estávamos no escritório, tudo o que queríamos é mais tempo em casa, não ter espaço no dia para aquele papo furado faz muita falta. Nunca poderíamos imaginar que aquele colega das piadas sem graça faria falta, mas o fato é que enquanto você o escutava, você não precisava pensar em nada muito sério. Hoje em dia, com a agenda lotada de reuniões uma após a outra, não temos espaço para descontração. E isso faz falta.

Saudades de se mexer
Uma cliente minha me contou que antes, para chegar até o banheiro de seu escritório, ela dava uns 200 passos entre ida e volta. Indo ao banheiro umas 4x/dia, temos aí quase 1000 passos para esticar as pernas. Além disso, somando às caminhadas até o restaurante na hora do almoço, os rolês pelo escritório entre uma reunião e outra, e as eventuais visitas clientes, ela chegava a um nível de locomoção que a colocava na categoria “Ativa”. Agora, trabalhando desde sua suíte, ela gasta menos de 5 passos para chegar ao banheiro e mais uns 10 passos para chegar na cozinha. Ao final do dia, sente seu corpo pesado e dolorido. Sem perceber, virou “Sedentária”. Por menos que você goste de exercícios físicos, a gente não foi feito para ficar sentado 10 horas/dia.

Saudades do meu escritório
O home office para muitas pessoas virou “varanda office” ou “sala de jantar office”. São raras as pessoas que tem um escritório adequado (muito menos dois, que é o que seria necessário no caso de se ter um casal trabalhando de casa). Clientes que estão com saudades de sua cadeira, ergonômica, confortável, na altura certa é o básico. Mas chego a ter clientes que sentem até falta de pegar elevador. O negócio está ficando estranho.

Saudades do trânsito
Quando chegamos ao ponto de sentir falta do trânsito de São Paulo, aí vemos que o negócio azedou de vez. Pior do que escutar “Ai que saudades dos meus 45 minutos de Marginal”, é poder responder “te entendo totalmente”. O trânsito, para muitas pessoas, se tornou o símbolo de um tempo para si. Era aquele momento onde você colocava as músicas que você gostava, onde você escutava o podcast que curtia, colocava as ligações em dia ou simplesmente curtia o silencio (para viajar, para se organizar, para refletir). No atual contexto onde saímos das reuniões e temos que correr com os afazeres domésticos, não sobra essa pausa entre um compromisso e outro. E isso dá até falta de ar.

Tá, mas o que fazer com tanta saudades? Com o prazo para retornarmos ao escritório mudando a cada dia, não dá para contar que as coisas voltarão ao normal em breve. Por isso a necessidade de tornar o nosso hoje mais agradável. Para ajudar com isso, segue abaixo algumas dicas que podem ajudar a matar um pouco dessa saudades:

Para endereçar a Saudades da interação dos amigos e colegas de trabalho….

  • Happy hour virtuais – marcar na agenda horário ao final do dia onde bebidinhas e papo furado são a regra.
  • Sala do cafezinho – algumas empresas estão reservando uma sala de zoom para servir como o local do cafezinho. Se você precisa dar uma desopilada, entra lá, encontra alguém e bate um papo.
  • Reservar na agenda das reuniões 5 minutinhos iniciais para trocar amenidades.

Para endereçar a Saudades de se mexer….

  • Participar das reuniões sem vídeo caminhando pelo ambiente/em pé.
  • Trocar em algumas reuniões sua cadeira por uma bola de exercício (daquelas grandes). Apesar de você não estar se movimentando, o estímulo diferente ajuda fortalecer o abdome.
  • Entre uma reunião e outra se propor um desafio físico (por exemplo, 10 flexões e 20 polichinelos).
  • Se possível, tentar incluir uma atividade física em sua rotina. (eu particularmente ainda não consegui tal feito, mas ouvi falar que ajuda muito).

Para endereçar a Saudades do seu escritório….

  • Muitas vezes a saudades do escritório bate porque as condições de trabalho em casa estão sub-ótimas. Uma boa cadeira pode ser o melhor investimento para fazer durante essa quarentena (junto com o robô aspirador, claro).
  • Sabe como dizem que a gente só esquece um amor encontrando outro? Então, tente criar um espaço aconchegante/delicioso/cheiroso/com café coado coisa e tal para se apaixonar pelo seu home office também.
  • Se nada disso funcionar, coloca uma música bem de fossa, pega um pote de sorvete, e fica entrando no site da sua empresa e no google maps para olhar fotos antigas de seu escritório.

Para endereçar a Saudades do trânsito….

  • O charme do trânsito é se tratar de um momento de privacidade. Tentar criar isso num banho prolongado ou indo para cama mais cedo (ou acordando mais cedo) é uma alternativa.
  • Combinar com os demais habitantes da sua casa que você precisa de meia horinha para ficar só – para eles esquecerem de você – e depois retorna à sociedade, e outra, prometer que o favor será retribuído.
  • Marcar na agenda um tempo dedicado a você mesmo e seguir esse compromisso como se fosse uma reunião de trabalho.

Enfim…a ideia com esse artigo é muito mais mostrar que você não está só nessa loucura de sentir falta do escritório do que solucionar a vida de alguém.

Porém, se alguma dessas dicas fizerem sentido para você, não fique só no insight. Escolha uma e implemente a partir de hoje. Quem sabe assim a saudade não diminui um pouquinho, né minha filha?

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