Dando sequência à minha série de artigos sobre as faculdades pela perspectiva dos próprios alunos, seguimos hoje com uma olhada “behind the scenes” sobre Columbia.
Conversei com Fabricio Matzinger que acabou de se formar na faculdade nova iorquina mais bem ranqueada do MBA. Queridinha pelos candidatos interessados pelo mercado financeiro, Fabricio mostra que Columbia vai muito além dessa fama.
Sem mais delongas, Columbia por Fabricio:
Paula Braga: Me conte sobre você…o que você fazia antes do MBA e o que queria fazer depois?
Fabricio Matzinger: Eu trabalhava em consultoria antes do MBA. Sempre tive o sonho abrir meu negócio, e considerava o MBA a maneira ideal de fazer isso, pois se meu plano desse errado, eu teria uma ótima formação para ajudar com um plano B.
PB: E o que você está fazendo agora?
FM: Eu desenvolvi o conceito da minha empresa durante o MBA e atualmente estou captando fundos para abrí-la.
PB: Como a faculdade te ajudou nesse projeto?
FM: Columbia tem uma série de programas e laboratórios para startups que apoiam os empreendedores não só da escola de negócios, mas de várias faculdades (engenharia, relações publicas, etc). Você cria um network com mentores, testa seu conceito, etc. Além disso, Columbia tem o WeWork (como se fosse um coworking) só para startups criadas em Columbia. Nesse ecossistema há uma série de eventos e palestras que ajudam, além de permitir acesso a outros empreendedores que podem colaborar com sua ideia.
PB: O que o motivou para fazer Columbia?
FM: Uma vez formado da Babson eu percebi o quão importante é ter um amplo network, tanto para conseguir um emprego quanto para construir qualquer negócio ou organização A Columbia te dá isso ao estar na cidade mais importante do mundo e além disso é uma das melhores universidades do mundo – não tive dúvida.
PB: Por que acha que passou?
FM: Acho que sou bastante diferente dos candidatos brasileiros, entendo que eles buscam compor uma classe com diversidade. Somos 12 brasileiros. Sou bem mais novo do que a média, tenho perfil multicultural (minha mãe espanhola e meu pai austríaco) e minha aspiração de empreender é diferente da maioria dos meus companheiros.
PB: Columbia tem fama de ser uma faculdade financeira. Isso confere?
FM: Isso já foi o caso, hoje em dia não é mais. O segmento que mais contrata na faculdade é consultoria. Mas de fato há muitas pessoas que vem e que vão para banking, PE, VC. Até por estarmos na capital financeira do mundo. Porém já faz uns 10 anos que eles estão investindo fortemente em desenvolver outras áreas. A faculdade é muito forte para quem quer ir para industrias de bem de consumo, pois há varias sedes de empresas que estão aqui. Além disso, é muito forte em alguns segmentos como mídia, moda, real estate. Se você quer abrir uma startup nesses setores é possivelmente melhor você estar aqui do que no Vale do Silício. As sedes de Warby Parker, WeWork e logo menos a de Spotify também, são aqui, por exemplo.
PB: O essay de Columbia pergunta como você tirará vantagem de estar bem no centro dos negócios (“At the very center of business”). Como você pessoalmente tirou vantagem disso?
FM: Eu achava que eles falarem que estão “at the very center business” um clichê… mas depois de ter vivenciado a universidade, eu entendo. A maior vantagem de Columbia é a localização em NY. Por exemplo, tenho amigos no MIT e Harvard que tem que viajar para cá todo fim de semana para fazer networking. A gente pode fazer isso a toda hora, durante a semana. Por exemplo, se um executivo só tem disponibilidade para me encontrar às 3 da tarde de uma segunda feira, eu posso. Esses mesmos executivos vem com mais facilidade e consequentemente frequência à nossa aulas. E a maneira mais certeira de conseguir um emprego é via network. Eu fiz parte do Board do Technology Business Group, por exemplo. A partir dessa posição, eu consegui fazer networking com um monte de startups (uma delas onde acabei fazendo meu estágio de verão). A maioria das startups não recruta formalmente, então para conseguir trabalhar lá, precisa ir e bater na porta. A partir de minha posição no clube, eu consegui acesso a muitas dessas empresas.
PB: O que mais te surpreendeu sobre a faculdade?
FM: Por causa de sua reputação ser muito orientada para finanças, achei que a cultura daqui seria muito agressiva e competitiva, o que não me agradava. As pessoas são de fato muito inteligentes e muito ambiciosas, mas são muito balanceadas. São agradáveis, são gente boa. Como eu jogava no time de futebol em torneios contra outras universidades, eu conhecei pessoas de várias outras faculdades. As pessoas todas se impressionavam como éramos unidos. Desde antes do início das aulas, essa cultura unida já se fazia presente, fomentada por grupos de whatsapp. Para você ter uma ideia, antes das aulas começarem os alunos (mesmo sem se conhecer) organizaram várias viagens pelo mundo inteiro para iniciar a integração. E mais de 300 (das 500 pessoas que entraram) participaram dessas viagens. Dessa forma, quando teve a primeira semana de aula, a maioria dos alunos já se conhecia bem.
PB: Que dicas você daria para pessoas que sonham em entrar aí?
FM: Comece a se preparar cedo. Fazer tudo em um ano só é complicado. Pense no que você quer no longo prazo. E se não souber, saiba pelo menos como faculdade vai te ajudar a descobrir isso. Fale com maior número de pessoas possível, visite as escolas, converse com os alunos. Não adianta ser só inteligente. Tem que habilidade interpessoal, outros interesses. Eu sabia que queria fazer MBA desde os 22 anos e sabia que queria fazê-lo sendo novo. Então, como eu não teria tido tempo para ter uma experiência de liderança no meu trabalho, busquei isso fora dele. Para mostrar iniciativa e que eu era de fato interessado em ser empreendedor, tentei abrir uma startup antes até de ir para o MBA. Como sempre me importei com causas sociais, também criei uma iniciativa nesse meio. O ponto é demonstrar através de suas ações que você é comprometido com seus interesses, e não só ter um discurso vazio. Ter um GMAT bom e um currículo legal é o mínimo, e não garante nada. Você precisa mostrar resultados e interesses além disso.
PB: Tem alguma mensagem final para interessados em Columbia?
FM: Não subestime a importância de estar em Nova Iorque. E, por fim, a experiência do MBA depende muito de quem está ao seu lado durante essa jornada. Em Columbia você encontrará alunos extremamente interessantes, bem-sucedidos e divertidos.
Fabricio Matzinger, 27 anos, nascido em São Paulo, fez o bacharelado em administração na Babson College e acaba de se formar no MBA da Columbia University. Fluente em 4 idiomas, sempre aproveitou para viajar e conhecer novas culturas. Além de viajar, aproveita o seu tempo livre para ficar com amigos e praticar esportes como Futebol, Ski e KiteSurf. Antes de ingressar no MBA, obteve experiência profissional em Consultoria e Real Estate. Agora que está formado, está focado em empreendedorismo e um dia gostaria de se dedicar a empreendimentos com impacto social.
Quer falar comigo? Entre em contato através do e-mail paula@paulabraga.com.br.
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