Num dos posts mais acessados no blog falei sobre diferentes alternativas para você conseguir reduzir o impacto financeiro de um MBA internacional. Ainda assim, muitas pessoas questionam se isso ocorre mesmo.

Para sairmos da teoria e mostrarmos como isso se dá na prática, nada mais simples do que falar de um caso real. Por isso chamei o Bruno Pires para compartilhar sua história. Nessa entrevista, ele contará como conseguiu não uma, mas duas ofertas para fazer MBA de graça nos Estados Unidos!

Paula Braga (PB): Bruno, conte um pouco sobre você.

Bruno Pires (BP): Meu nome é Bruno Pires, tenho 29 anos, sou casado e natural de São Paulo. Sou engenheiro de produção por formação e sempre trabalhei na área de Supply Chain (principalmente nas áreas de planejamento de produção e demanda). Gosto muito de esportes e tento sempre me manter ligado a eles, seja jogando ou lendo sobre os mesmos. Além disso, um dos meus principais hobbies é assistir filmes (seja no cinema ou no Netflix), principalmente filmes argentinos e de ação.

PB: O que o levou a prestar MBA?

BP: Eu sempre quis ter uma vivência fora do país e ter acesso a um tipo diferente de educação, onde eu pudesse ter contato com pessoas de diferentes nacionalidades e com linhas de raciocínio distintas. Além disso, eu acredito que o MBA auxilia na aceleração de carreiras e que o momento que eu vivia requisitava esse tipo de aceleração.

PB: Como foi o processo de application?

BP: O processo foi bem cumprido e trabalhoso. Primeiramente eu procurei uma coach para me ajudar a entender melhor as escolas e ver qual se encaixava mais com meu perfil e com meus objetivos. Depois disso, iniciei os estudos para o GMAT. Foram pelos menos 6 meses de estudos contínuos com, pelo menos, 25 horas semanais. GMAT feito e na sequência foi a vez de encarar o TOEFL. Mais 45 dias de estudos e, duas tentativas depois, TOEFL feito.

Até aquele momento, com a exceção da definição das escolas que eu iria aplicar, todo o meu estudo estava concentrado na dupla GMAT/ TOEFL. O próximo passo era pedir as cartas de recomendação. Escolhi duas pessoas que podiam me descrever perfeitamente no dia a dia do trabalho: meu ex-gerente direto e um colega de trabalho que tinha contato comigo diário. Por fim, era o momento dos essays. Talvez esse tenha sido o momento mais difícil do processo de application, não pelas perguntas em si, mas pelo exercício de self-awareness necessário.

Demorei algumas semanas para fazer os essays (como cada faculdade tinha de 2 a 3 essays – e eles muitas vezes são diferente uns dos outros – demorei para finalizar cada essay e achar que ele estava realmente da forma que eu queria). Application entregue e foi o momento de esperar. Algumas semanas depois recebi convites para as entrevistas (algumas presenciais,  já outras por Skype). Então foi o momento de parar e pesquisar as perguntas normalmente feitas nas entrevistas e me preparar para as mesmas.

Fiz alguns treinos, pensando na melhor forma de responder algumas delas e treinando dicção para garantir que estava me expressando da forma correta. Após fazer as entrevistas foram os momentos de maior tensão: esperar as respostas de cada uma das faculdades (normalmente demora de 4 a 8 semanas). Respostas recebidas era o momento de fazer a escolha para qual cursar.

PB: Que resultados você atingiu?

BP: Eu passei nas 4 universidades (3 americanas e 1 canadense) que eu fiz os applications. Sendo que 2 delas eu recebi bolsa de estudos de 85% e 100%.

Nota da Paula: no caso da universidade que deu para ele a bolsa de 100%, ele recebeu adicionalmente uma bolsa extra para divulgar a faculdade entre a comunidade brasileira. Ou seja, o MBA não apenas seria de graça, mas ele inclusive seria pago para estudar lá!

PB: O que você julga que foram os fatores importantes para você atingir esses resultados?

BP: Primeiramente o fit que eu tinha com cada faculdade. Embora tenham sido 4 faculdades diferentes, todas elas tinham características que eu considerava parecida com as minhas, logo no momento de fazer os essays e a entrevista ficava fácil responder as questões e conseguir mostrar o meu ponto de vista. Além disso, um bom GMAT e uma experiência profissional sólida foram fundamentais para mostrar o meu background e o que eu conseguiria adicionar as discussões nas aulas. Por fim olhar as escolas além dos rankings, ou seja, entender o que cada escola oferece e qual o perfil de cada uma. Existem diversas escolas boas que não são as TOP 15 ou TOP 20 e que vão conseguir superar as perspectivas dos candidatos e oferecer uma grande experiência e educação de qualidade para os seus alunos.

PB: Mais alguma coisa?

BP: Sim, acredito que alguns outros pontos são essenciais: ter o tempo certo para fazer o application (não acredito que “correr” para finalizar um application traga resultados bons), saber exatamente o motivo de fazer o MBA e pesquisar muito (sobre as escolas, sobre os cursos, estágios, país/cidade que vai viver e etc).

PB: Que dicas você daria para um brasileiro que sonhe em prestar um MBA fora do Brasil mas que não está indo em frente por não poder pagar o curso?

BP: Primeiro de tudo é usar a velha máxima: “O não você já tem, corra atrás do sim”. Ou seja, sem tentar ele nunca vai saber se conseguiria uma bolsa de estudos ou não para fazer o MBA (e, em alguns casos, existem bolsas altíssimas para os candidatos). Tendo isso em mente, entender que um bom GMAT, uma carreira sólida (o que não significa ficar na mesma empresa há anos, mas sim entregar resultados consistentes ao longo do tempo) e bons essays fazem o candidato ter destaque e que as faculdades queiram ele na próxima turma (e faculdades que querem muito os alunos acabam oferecendo ótimas bolsas).

PB: Que dicas você daria para alguém que queira aumentar sua chance de receber uma bolsa?

BP: Entender se a faculdade que ele está se inscrevendo tem muitas pessoas do perfil dele ou não. Os cursos normalmente querem perfis diferentes e complementares para que as salas sejam as mais heterógenas possíveis e tenham a diversidade necessária. Ou seja, se você é um dos poucos brasileiros que se inscrevem em determinada faculdade e/ou sua experiência é diferente das demais pessoas, maiores as chances da faculdade te aceitar e te dar uma bolsa.

PB: Algo mais que gostaria de compartilhar?

BP: Passar no MBA é uma maratona, ou seja, é necessário se preparar com antecedência, estudar cada parte do percurso e ter “fôlego” para toda a distância. Se preparando corretamente, estudando todos os passos necessários e sendo persistente para entregar o melhor application possível, irá ajudar muito para alcançar o MBA no exterior.

Nota da Paula: Amém, Bruno! Que todos os candidatos se inspirem na sua história e dediquem o devido tempo para o processo de application.

Mas…..e a pergunta que não quer calar?

Qual das ofertas o Bruno aceitou? No final, a faculdade que melhor atendia seus planos pessoais e profissionais não foi nem a da bolsa de 85%, e nem a de 100%. Ele acabou optando pela Rotman devido a seu plano de vida de viver no Canadá.

Você pode estar se perguntando como ele pôde abrir mão dessas bolsas, e fique certo: ele mesmo se fez essa pergunta algumas vezes. Mas, depois analisar profundamente o que ele queria da experiência, a resposta ficou clara e outros critérios de escolha superaram o beneficio financeiro.

Em resumo…MBA de graça é possível? É sim senhor!

Isso deve ser o principal critério da sua escolha de escola? Isso depende só de você 🙂