Tendo revisado ao menos 30 essays nas últimas duas semanas, ando distinguindo o que para mim, diferencia um bom essay, de um médio, de um ruim. E o que percebi, é que tomo essa decisão logo no primeiro parágrafo.

Isso é quase injusto, né? Há essays de 500 palavras, 750, 350 e o que eu estou falando é que já decidi se gosto de você antes do 100º verbete.

Um bom essay é como um delicioso livro. Alguma emoção (curiosidade, medo, surpresa, diversão) é despertada. Uma promessa de que algo bom está por vir.

O primeiro parágrafo é onde você ganha a atenção do leitor. No caso do responsável pelo processo de admissão das universidades, por ser seu trabalho, ele provavelmente vai ler o essay até o final. Mas pode fazer isso como uma tarefa árdua, ou como um deleite.

Então como pesar a balança a seu favor?

Em primeiro lugar, eu preciso sentir quem é você. Qual seu humor? Qual sua visão? O que o torna único? Ler uma apresentação genérica é tão empolgante quanto ler um capítulo de um livro de administração. Muitas vezes precisamos fazê-lo. Mas o interesse é duro de manter.
No mundo real, dizem que a primeira impressão é formada nos primeiros 4 segundos. Nesse breve espaço de tempo, toma-se as seguintes decisões inconscientes:

  • Eu gosto dessa pessoa?
  • Eu confio nessa pessoa?
  • Eu tenho simpatia por essa pessoa?
  • Essa pessoa é inteligente, engraçada, bem-sucedida, preguiçosa?

Não necessariamente essas impressões são reflexo da realidade. Mas, isso é irrelevante para nosso objetivo. O processo decisório é baseado primeiro na intuição, e depois na criação de argumentos racionais para justificar essa intuição. Se tomo uma decisão inconsciente de que gosto de você, encontrarei os argumentos lógicos para justificar o por que disso.

No essay, não deixa de ser diferente. Eu já decidi no primeiro parágrafo (e, muitas vezes, na primeira frase do primeiro parágrafo) se acho que você escreve bem, se tem uma história interessante, se é carismático. Os demais parágrafos servirão para eu confirmar minha impressão.
Com isso em mente, torna-se crucial uma abertura forte. Como você deve imaginar, não há uma fórmula de bolo para tal. Mas abaixo coloquei algumas ideias do que, para mim, tornam uma abertura interessante.

1) Elemento Surpresa
O bom de escrever essays é que todo mundo tem uma história única para contar, a sua própria. Ou seja, se formos pensar a respeito, a chance de haver algo que eu não conheça a seu respeito e que seja surpreendente para mim é bem alta. Então foque nisso. O que é irônico a respeito da sua história? O que é incrível? O que não foi previsível?

2) Faça-me sorrir
Tá, pode ser um gosto pessoal meu, mas adoro quando me arrancam um sorriso logo de cara.

3) Interrogação
Uma pergunta bem-feita ou um provocação me forçam a parar e pensar. E se eu parei, significa que eu saí do automático. Ponto para você.

Na vida e nos essays, há muitas maneiras de você criar uma forte primeira impressão. Escolha a sua! O mais importante é você conseguir transmitir quem você é de maneira genuína. Ou seja, uma pessoa extremamente séria vai parecer forçada se tentar se apresentar com uma piadinha. A mesma estranheza ocorre quando uma pessoa informal tenta passar um ar de sisudez. Conheça a si mesmo e use seu diferencial a seu favor. Isso o torna único e interessante. Seu essay agradece.